A criança que pratica Capoeira aprende
não apenas a jogar como também a cantar (o que tem sido transmitido oralmente
há séculos, cantos africanos especialmente criados para esse tipo de atividade)
e a tocar (entre os instrumentos mais tradicionais, destaque para o berimbau, o
pandeiro e o caxixi, um chocalho feito de sementes). O jogo de Capoeira também
aprimora o controle emocional, estimulando a observação e a defesa, quando
necessária, ao contrário de incentivar a agressividade e a violência. "No
caso do estilo Angola de Capoeira, ele consegue traduzir com ritmo e movimento
corporal as idéias da educação humanista" reforça Ana Cristina
Marotto, orientadora educacional e pedagógica do Colégio Equipe, em São Paulo.
"É ótima ferramenta para a formação moral, física e cognitiva."
Quem pratica Capoeira recebe
informação sobre a cultura popular, a origem do jogo em si, as tradições
celebradas em músicas e canções, os instrumentos que animam a atividade e por
aí afora. É um conhecimento transmitido a cada roda de conversa, no início da
aula, aumentando o repertório dos alunos sobre a formação do povo brasileiro,
enfim, a história do próprio País. Não se trata de um tipo de informação feito
para decorar, mas sim atiçar o interesse da criança pela nossa identidade
cultural.
A aula de Capoeira normalmente
começa com uma roda de conversa, onde são discutidas as regras de convívio e de
participação de cada um etc. É uma atividade que desenvolve o respeito, a
tolerância. Porque as crianças estão sempre interagindo entre si para realizar
o mais simples gesto - cada uma delas precisa, por exemplo, ter cuidado com o
movimento que pretende fazer para não machucar o outro, assim como conviver com
o jeito de ser de cada colega, entendendo que o jogo acontece entre todos,
independentemente do talento ou da ausência dele. Todos são iguais - e, em
lugar de apontar os melhores (e os piores) jogadores, o que se incentiva é a
parceria, ensinar o que já sabe de modo a que o colega possa evoluir também.
Quem pratica Capoeira tem sua
percepção sonora estimulada pelo uso de instrumentos musicais, assim como a
consciência do próprio corpo é alimentada por movimentos pouco usuais. Trata-se
de uma atividade que abre um leque de oportunidades - meninas e meninos podem
descobrir, ao jogar Capoeira, o gosto por danças populares, outros, por canto,
todos eles indo atrás de cursos específicos. Em suma: um despertar de aptidões,
fonte valiosa de conhecimento e amor próprio.
O Projeto “ Capoeira a roda que transforma vidas”
é patrocinado pela Eletrosul e Governo
Federal e atende a 150 alunos.